Infração gravíssima

Ciclofaixas viram pista para carros e motos

Motoristas passam a utilizar a via em horários de pico para "costurar" o trânsito e colocam em risco a vida de ciclistas

Jô Folha -

Conviver em harmonia em meio a um trânsito que falha em respeitar o próximo é uma tarefa difícil enfrentada por grande parte dos ciclistas pelotenses. Na cidade se tornou comum presenciar motoristas invadindo as ciclofaixas, numa tentativa de cortar o tráfego e salvar alguns minutinhos, especialmente durante as horas de pico. A prática é infração gravíssima prevista por lei, porém, a fiscalização não é assídua, o que abre espaço para a continuidade do problema.

O trânsito caótico presente nas grandes cidades e capitais, aliado à busca por qualidade de vida, tem feito da bicicleta uma forma de locomoção atraente e que ganha cada vez mais adeptos. Em Pelotas a situação não é diferente. Por ser uma cidade plana, o potencial da bike tem sido, mais ou menos, explorado pela população e pela administração municipal; é a cidade gaúcha com maior quilometragem de ciclofaixas, com um total de 44 quilômetros e mais a serem finalizados e entregues, como a ciclovia da avenida Salgado Filho e a ciclofaixa da Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre Domingos de Almeida e rua Barão de Butuí.

Apesar de as vias serem destinadas especificamente para o uso do ciclista, isso não impede os motoristas de se apropriarem. Segundo o secretário de Transportes e Trânsito, Flávio Al Alam, desde o início do ano até o dia 14 deste mês cinco pessoas foram autuadas por transitarem nessas faixas: uma na avenida Ferreira Viana, outra na Fernando Osório, duas na rua Professor Araújo e uma na avenida Dom Joaquim. A infração é gravíssima, com penalidade de sete pontos na carteira e multa no valor de R$ 880,41, prevista pelo artigo 193 do Código de Trânsito Brasileiro. A fiscalização dos agentes de transporte e trânsito seguirá com as rondas normais, ressalta o secretário.

A cena é comum e diária. Durante a produção desta reportagem, não foi preciso mais de 15 minutos em alerta para presenciar o ato. Na rua 15 de Novembro, no dia 23, às 13h10min, um carro utilizou a faixa para driblar o trânsito em frente ao Colégio Gonzaga; o mesmo aconteceu na Félix da Cunha, desta vez às 18h - já era noite - e com um motociclista. Quem transita por ali acompanhado da bicicleta já sabe: a prática é corriqueira, acontece diariamente e a fiscalização é pouca.

Riscos para a parte mais frágil
O servidor público Paulo Koschier utiliza a bicicleta sempre que pode, principalmente para se deslocar até o trabalho. Com ela, Paulo já foi surpreendido pela invasão de carros, motos e até caminhões transitando em ciclofaixa. Com uma velocidade maior, com a qual os ciclistas não podem competir, o risco de acidente é ampliado. "Quem anda de bike tem que tomar muito cuidado, estar sempre vigilante", afirma. Matheus Rodrigues, estudante que usa o veículo como principal meio de locomoção, concorda. "Já quase fui atropelado diversas vezes. Na ciclofaixa da Félix acontece mais seguido."

Na disputa de espaço entre motorista e ciclista, o último é quem sai perdendo. Ciclista e fundador da organização Pedal Curticeira, Leandro Karam também é testemunha das infrações e afirma: "Quem tenta ganhar uns minutos a mais dessa forma, acaba colocando em risco a vida do outro". Ele assegura que se o modelo de urbanização da cidade fosse pensado também para a bicicleta, o problema não seria tão frequente.

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